Uma comparação entre as estimativas da população por faixa etária em Goiás e o total de primeiras doses aplicadas da vacina contra a Covid-19 mostra que cerca de 21% dos goianos acima de 65 anos de idade não aparecem no sistema do Ministério da Saúde como imunizados. Os dados também revelam que mais mulheres do que homens acima de 80 anos podem ter deixado de se vacinar.
Em números absolutos, são mais de 139 mil pessoas, sendo que a maior parte (76,6 mil) se encontra na faixa entre 65 e 69 anos. Com mais de 80 anos, seriam 25,1 mil.
O porcentual pode ser menor, uma vez que o cálculo de habitantes, apesar de ser oficial, é de 2019, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) mais recente publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e os registros no sistema até hoje não estão devidamente corrigidos pelas prefeituras, como cobrou o governador Ronaldo Caiado (DEM) no começo do mês.
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) admite que há um porcentual de idosos que já deveriam ter sido vacinados pelo critério da idade, mas não foram, e reclama que os municípios deveriam fazer uma busca ativa atrás destas pessoas. O cálculo exato depende da correção dos dados inseridos no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) pelas prefeituras, o que não tem prazo para ocorrer.
O público-alvo das campanhas de vacinação nos municípios está atualmente na faixa de 60 a 64 anos e a defasagem de registro no SI-PNI impede de saber se realmente ainda falta vacinar 82,3% da população nesta faixa etária como aparece no sistema.
Na faixa entre 65 e 69 anos, não aparece nos registros o equivalente a 31,2% deste grupo de idosos, sendo que os do sexo masculino imunizados e cadastrados aparecem em um porcentual menor (64,4%) do que os do feminino (73,3%).
Quando se analisa pelo tamanho da população estimada, a partir dos 70 anos o porcentual de homens dentro da sua faixa etária supera o de mulheres entre os imunizados que aparecem no sistema federal. E quanto mais a idade avança, maior é a diferença, chegando a mais de 10 pontos porcentuais quando se observa os com mais de 80 anos de vida.
Já dos 69 anos para baixo, a situação se inverte, mesmo quando sai do grupo prioritário por idade. Abaixo dos 60 anos já foram ou estão sendo vacinados profissionais de saúde, das forças de segurança, indígenas aldeados e quilombolas.
Nos casos dos não-idosos, a faixa etária que até o momento mais foi vacinada, proporcionalmente ao tamanho estipulado, é entre 30 e 34 anos e entre 35 e 39 anos. O SI-PNI também aponta que foram vacinados ao menos 2.369 jovens entre 15 e 19 anos e 11 com até 14 anos.