Bares e feiras de Goiânia pressionam para abrir no fim de semana

Representantes dos dois setores afirmam que são os mais sacrificados pelas restrições. Comerciantes da Feira Hippie pedem liberação até às 14 horas de sábado e dizem que trabalhadores têm situação precária sem auxílio. Restaurantes estimam queda de 60%

Principais atingidos pelo decreto municipal de Goiânia com restrição parcial ao funcionamento de atividades econômicas, feirantes e donos de bares e restaurantes estão insatisfeitos e querem reverter a medida. Representantes de entidades reclamam de sacrifício maior que o de outras categorias para tentar conter a disseminação do coronavírus (Sars-CoV-2).

Decreto estadual de março, que era seguido pela capital, previa o fechamento das atividades consideradas não essenciais durante duas semanas a partir desta quarta-feira (14). No entanto, após pressão do setor produtivo, representantes do Estado e município optaram pela continuidade da abertura do comércio e serviços, mas com restrições, anunciadas na última terça-feira (13), um dia antes de serem implementadas.

Entre os mais atingidos por essas novas restrições estão as feiras especiais que funcionam nos fins de semana. De acordo com o decreto de Goiânia, só serão permitidas atividades essenciais aos sábados e domingos, como hospitais e supermercados. Os dois dias são os de maior faturamento para bares e restaurantes, que também terão horário limite de funcionamento entre segunda e sexta, além de proibição de som e música ao vivo.

No caso da Feira Hippie, que costuma operar entre sexta-feira e domingo, só restaria um dia de funcionamento. A Associação dos Feirantes da Feira Hippie e Liga dos Amigos da Praça do Trabalhador entrou com um pedido na Prefeitura de Goiânia nesta quarta, para que possam funcionar até sábado às 14 horas, ou que possam funcionar também na quinta-feira, entre 5h e 19h.

“Fizeram decreto sem perceber a existência da Feira Hippie. Precisamos trabalhar” lamenta e reivindica o presidente da entidade, Waldivino da Silva. Ele se reuniu no fim da tarde desta quarta com o secretário interino de Desenvolvimento e Economia Criativa da capital, Rafael Meirelles.

A proibição do funcionamento da feira, sem auxílio financeiro para os feirantes, piora uma situação que já é difícil, de queda no movimento dos clientes. “Antes da pandemia a gente vendia muito bem, mas já estava caindo (o movimento). Assim que a pandemia veio, caiu de vez”, relata a feirante Márcia Pereira Stival Lopes, de 42 anos, que fabrica e vende enxovais. Ela conta que chegou-se ao ponto de ter de arrecadar cestas básicas para aqueles colegas feirantes que não conseguem comprar os mantimentos necessários para suas famílias.

Para Márcia, a possibilidade de ficar os dois próximos fins de semana sem fazer a feira é desesperador, já que as vendas pela internet são muito baixas. Ela explica que toda a família, formada pelo esposo, neto e dois filhos, depende exclusivamente da feira. “Tem muitas pessoas que estão trabalhando pela fé. Você fica impressionado. Por isso estamos recorrendo. Está um estado de calamidade.

” Outros prejudicados são os feirantes da Feira da Lua, que funciona todo sábado na Praça Tamandaré. A Associação da Feira da Lua também tenta conseguir permissão junto à Sedetec, por entender que além de seguirem os protocolos sanitários, trabalham ao ar livre, em que é mais difícil o contágio. “Temos direitos e deveres, porém não suspenderam as taxas de funcionamento e ainda assim querem que paremos de trabalhar”, se posicionou a entidade.